Sei, por estes dias, que não ando políticamente correcta em algunas aspectos. Sempre achei que, já que não nasci «engraxadora», falsa e fingida, falando em contexto laboral, tinha então que ter um comportamento exemplar. «ok, não gostam de mim porque não me esfrego neles, porque não me rio com elas mas também não vão ter por onde pegar porque me esforçarei para fazer tudo bem!»
Pois é...mudei. O que faço, faço bem. O que há para fazer, faço. O problema é que não há assim tanto para fazer. Preocupante. Incorrecto: não invento o que fazer nem faço o que há a fazer como se não houvesse amanhã (até porque amanhã é sábado e eu quero que haja!).
Neste momento, estou aqui a escrever. No momento de há pouco, estava ali a ler. Notícias, tempo, novas coleções, vejo de tudo. É verdade. E não é correcto. Sinto que não o é. Mas fazer o quê?? Será pior que ficar por ai a raspar o rabo nas paredes, marcar os cotovelos em cima dos móveis, dizer mal de todos e mais alguns? Creio que não.
Sou mais discreta e tento aproveitar o tempo que aqui perco para ganhar um ordenadeco, tendo sempre em mente que este já não é certo. Não se sabe quando virá nem até quando.
Sinto uma solidão tremenda neste local. Por um motivo e por outro deixei de ter aqui os poucos «abrigos» que tinha, para rir um pouco, para me consolar um pouco, para articular algumas palavras na jornada de silêncio que tenho diariamente. A fraqueza dos que partilham este espaço comigo levam-me a presumir uma certa força em mim que nunca pensei ter.
«Presunçosa», penso eu. Pensarão eles? Não faz mal. Deixem-me estar assim que estou bem comigo e com o mundo. Porque o mundo não é só este quarteirão cheio de ferrugem instalada nas máquinas e nos ossos, pior!, na cabeça de todos vós.