quinta-feira, 3 de novembro de 2011

Estou chocada. Com as lágrimas prestes a rebentarem (mas eu aguento-as, como quase sempre).

As palavras magoam, já todos sabem. As que veem dos nossos mais queridos, ainda mais. Mas tal acontece, normalmente, numa zanga, numa discussão, onde as palavras são trocadas à laia de tiroteio, sem pensar, não ponderadas. Muitas das vezes pedem-se desculpas. Tudo se resolve. Outras vezes, tudo se perde.

Mas do que falo não é disto. 

Falo de uma conversa banal, no msn até, onde alguém muito meu amigo me está a dar conselhos e instruções de como ser feliz e suportar as injustiças que por estes dias pairam no meu ar. Alguém que passa a vida a queixar-se e que, a meu ver , tem uma vida facilitada (ok, a vida dos outros nem sempre é o que parece). Esse alguém vem-me ensinar como suportar o meu dia-a-dia. A mim, que não tenho tido uma vida difícil mas, também, não a tenho tido facilitada.

Passo a explicar: a minha vida é como...o meu percurso para o trabalho. De carro seriam dez minutos, de transporte é uma hora e meia! Eu chego lá, mas mais tarde, cansada, algo despenteada e transpirada. Pelo caminho apanhei trânsito, fui dar uma volta que não lembram a ninguém, tive que levar com os maus cheiros dos malcheirosos e com as ordinarices dos ordinários. Mas eu chego lá.

E durante este percurso faço o que faço, também, ao longo da minha vida. Tudo o que esteja ao meu alcance para que passe agradavelmente, para que esteja alegre e bem disposta e, se possível, seja tempo útil para aprender algo mais. Leio, oiço música, escrevo, danço, toco (está quase!) e, principalmente, rio. Com vontade, sem vontade, com vontade de chorar mas, quase sempre, com gosto!

Portanto, a mim ofende-me e magoa-me que alguém me venha dizer para «descansar», «para não me preocupar tanto com as coisas», «para olhar lá para fora e ver o sol» «para ouvir música»! Porque eu já faço isso. Eu sou perita nisso! Eu tenho mestrado, doutoramento, sou cátedra nisso!

É verdade, sou revoltada de nascença, queixo-me de muita coisa, as minhas frases começam muitas vezes por «ai!», qual fadista portuguesa. Mas raramente desisto. Raramente trato mal alguém. Raramente me isolo. Raramente perco a oportunidade de partilhar o meu tempo com alguém pois considero isso O MELHOR DO MUNDO. Raramente deixo de fazer alguma coisa porque «é longe», «é tarde», «'tá frio», «'tá a chover».

EU VIVO.

O máximo que eu posso e me é permitido. Não estou cansada para viver a não ser quando estou realmente cansada. Ai páro. Mas, acreditem, é um fenomeno recente. Porque a vida me mostrou há coisa de um ano que é preciso parar um pouco. Para não parar de vez...

Tenho o direito a estar indignada. Tenho o direito a querer fugir daqui, buscar alternativas porque o meu ar está a ser cortado. Estou a perder a ESPERANÇA. E isso é o fim. E o meu fim não é agora : ) (lembram-se? lá em cima...gosto muito de viver!).

Por isso, não me digam para beber chá quando estou a ser explorada, não me digam para respirar fundo quando estou a ser ameaçada, não me digam para olhar para o sol quando estou a ser maltratada!

Eu estou INDIGNADA! Eu estou VIVA!

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